segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dominação no trabalho: Interesses e jogos de poder




Desde a antiguidade, as organizações tem usado o seu poder e influência para, muitas vezes, tirar proveito dos que dela dependem. Um grande exemplo de como a exploração humana e o trabalho pesado de milhares de pessoas foi usado para o privilégio de alguns poucos foi à construção das Pirâmides de Gisé, no Egito. 2.300 blocos de pedra foram extraídos das pedreiras, cortados do tamanho certo e transportados por vários quilômetros sendo que cada um pesando 2 toneladas e meia, mostrando o tremendo esforço de cerca de 10 mil escravos por um período de mais de 20 anos.

 


Mas não é só a escravidão que perdura até hoje nas organizações: exploração do trabalho infantil, de mão-de-obra barata, sexual, tráfico de pessoas etc. a questão é que hoje no mundo organizacional a convocação obrigatória e a escravidão deram lugar ao trabalho assalariado do qual os empregados tem o direito de se demitir. Feitores deram lugar a gerentes e os empregados trabalham agora pelos interesses dos acionistas e não de faraós, reis e imperadores. Mas a busca de objetivos de poucos através do trabalho de muitos ainda continua e, deste ponto de vista, a organização é tida como um grande processo de dominação.
Ao invés das pessoas serem coagidas através do uso da ameaça ou força, nos dias atuais a dominação acontece de forma mais sutil e disfarçada: quem dita e impõe as regras é percebido como tendo o direito de fazê-lo, tornando tal forma de dominação legítima e considerada normal. Trata-se de modelos de autoridade formal em que aqueles em posição de mando se veem com o direito de dirigir e os submetidos a tais regras consideram que tem o dever de obedecer.


Um dos casos mais famosos de exploração no ambiente organizacional foi o escândalo da Nike que admitiu a utilizar mão de obra infantil em fábricas de fornecedores da Indonésia, com salário de um dólar por dia e utilização de punições como correr ao redor da fábrica como castigo por atrasos. Outro caso interessante é o da Coca-Cola que utilizava mão de obra escrava para a colheita de laranjas feita em Rosarno na Itália para a fabricação de seu refrigerante Fanta. Os Imigrantes atravessavam a costa Italiana como sendo sua única esperança de sobrevivência.
 



Já no âmbito brasileiro, podemos citar a Zara que admitiu que se utilizou de mão de obra escrava na produção de suas roupas em 2011. Tal exploração ocorria em oficinas terceirizadas em São Paulo, onde o Ministério do Trabalho e emprego resgatou 15 imigrantes que trabalhavam em situações deprimentes. Os mesmos dormiam na fábrica,  tinham péssimas condições de trabalho e eram submetidos a uma carga horária abusiva.
Mas talvez o caso mais famoso de exploração sexual seja o retratado no filme Terra Fria, baseado em uma história real retratada no livro The Story of Lois Jenson and the Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law, em que a protagonista e outras mulheres que trabalhavam na empresa mineradora Eveleth Taconite Company sofriam agressões verbais e físicas pelos homens das minas onde chegavam a ser assediadas sexualmente por vários deles.


A verdade é que aquilo que pode ser racional para as empresas, pode ser catastrófico para outros. As ações que causam estes diversos casos de exploração no trabalho são muitas vezes medidas racionais (exceto a exploração sexual) para desenvolver determinado conjunto de objetivos ou metas, tais como maior rentabilidade ou crescimento organizacional, mas tal racionalidade leva em conta somente um ponto de vista parcial. Por exemplo, ações como aumento de lucratividade são vistas de forma positiva, mas podem ter um efeito prejudicial em termos de saúde e bem estar dos empregados. Quase sempre há um lado desagradável nas grandes organizações e isto deveria ser uma preocupação mais relevante para seus administradores.
É triste que no século XXI ainda vejamos casos mais variados de exploração como a sexual, infantil e até mesmo escravidão. Os jogos de poder, os interesses daqueles que o detêm são usados para prejudicar os menos privilegiados, seja para evolução da empresa ou mesmo pelo fato de que podem e vêm causando sofrimento das mais variadas formas para aqueles que não podem fazer muito mais do que tentar sobreviver.


Grupo: Heitor de Aguiar Cogo, Gustavo Forapani, Wagner Rodrigues, Breno Geron, Clério Santana e Leonardo Silvério.
 

 

3 comentários:

  1. Realmente a dominação continua presente no cotidiano das empresas e de forma até pior que nos tempos do Antigo Egito. Por meio da cooptação da subjetividade do trabalhador, as organizações modernas acabam por exercer grande influencia na vida pessoal dos funcionários e explorá-los mais ainda. Parabéns ao grupo pela abordagem desse tema!!!

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  2. Sem dúvidas, isto é um dos pontos negativos ainda existentes nas organizações, mas não só a exploração física, mas também psicológica dos seus funcionários. Parabéns ao grupo pelo texto!

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  3. A dominação psicológica passa a ser pior até que a exploração física em alguns casos. Ótimo texto.

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