segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

As Organizações Vistas como Prisões Psíquicas


A ideia de prisão psíquica foi explorada pela primeira vez no livro “A República”, escrito por Platão, em que através da “Alegoria da Caverna”, foram estabelecidas relações entre aparência, realidade e conhecimento. O texto narra a vida de homens que, desde o nascimento, foram presos a correntes dentro de uma caverna onde a única fonte de luz era uma fogueira que refletia a claridade em uma parede. A luz do fogo iluminava um palco com estátuas, plantas e animais, entretanto, as sombras eram  projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros enxergavam estabelecendo certo medo entre eles já que as sombras pareciam grandes monstros aterrorizantes, quando na verdade não eram. Se estabelecermos um comparativo entre Organizações e Prisões Psíquicas, podemos vislumbrar aspectos inconscientes, afetivos, defensivos, ameaçadores e individuais de cada pessoa que estão entrelaçados com os conscientes e racionais, de forma que os primeiros criam “prisões” que influenciam diretamente nas atividades e direções das organizações.

Os seres humanos tendem a cair em armadilhas criadas por eles mesmos. A metáfora combina a ideia das organizações com fenômenos psíquicos, no sentido de que são processos conscientes e inconscientes que as criam e as mantêm como tais, com a noção de que as pessoas podem, na verdade, tornar-se confinadas ou prisioneiras de imagens, ideias, pensamentos e ações que esses processos acabam por gerar. Assim a cultura organizacional pode influir diretamente no comportamento dos funcionários de maneira inerente colocando-os em uma cela invisível capaz de tanger comportamentos e relações dentro da empresa. A política interna da corporação funciona, portanto como amarras que podem limitar até mesmo o processo criativo do empregado. Neste cenário a organização é a caverna e o cerceamento criativo são as correntes que tornam o trabalho metódico e operacional.


Nesta metáfora de Platão é possível associar o medo das sombras ao comodismo que  mantêm muitos de nós resistentes a esclarecimentos, preferindo permanecer na escuridão a enfrentar os riscos de exposição a um novo mundo que ameaça as antigas crenças bem como o medo de aceitar novos desafios. A figura de uma prisão psíquica não é apenas “culpa” das organizações, muitos funcionários preferem permanecer no anonimato representando uma simplificação imperfeita do mundo construindo também cercas distorcendo ou mascarando a realidade.

Existem vários tipos de prisões psíquicas, o sucesso, a acomodação organizacional, o pensamento de grupo, a repressão e o patriarcado são alguns exemplos. Uma grande empresa pode ser refém do sucesso por se considerar superior, e ignora determinadas situações que podem vir a colocá-la em dificuldade. Muitas empresas vivem experiência similar que culminam no seu declínio.  É importante entender as prisões psíquicas dentro da organização, pois desta forma, a pessoa abre-se ao entendimento e há possibilidade de raciocínio gerando um grau maior de produção, e não se deixando levar pelas ideias, pensamentos ou atitudes alienadas pela própria empresa ou o grupo.


O termo prisão psíquica é muito apropriado porque define a organização como um fenômeno psíquico, ou seja, aquilo que existe na cabeça das pessoas, formado por processos conscientes e inconscientes quanto à criação e à manutenção. Estar enjaulado dentro de uma organização nos faz perder o sentido do espaço e consequentemente paramos no tempo.

equipe Insights Cotidianos (Amanda Rezende Rodrigues, Cláudio Juneo R. Silva, Daiane Alice Pereira Araujo, Paula Crystina de Souza, Pricila Maria Tavares). 

8 comentários:

  1. É interessante pensar que a maioria das organizações são prisões psíquicas que prendem seu funcionário, suas atitudes e valores visando o seu próprio beneficio. Muito bom texto.

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  2. Parabéns ao grupo pelo texto! Vemos claramente que as prisões psíquicas citadas pelo grupo estão presentes em quase todas as organizações atuais. A da acomodação organizacional por exemplo é uma das que mais presencio: sempre temos uma rotina, um produto, um cargo que, mesmo não sendo necessário para o sucesso da organização continua lá, porque sempre esteve presente, é trabalhoso remove-lo ou nem mesmo percebemos sua inutilidade.

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  3. O engraçado é que nao conseguimos e nem os altos cargos conseguem achar uma solução para tais problemas. Sempre haverá conflitos, mas na minha concepção sao os conflitos que engradecem e evolui cada processo...

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  4. Muito bom o texto. Essa é uma realidade das organizações. Nos vemos presos a empresas e cargos, e as empresas impõem a sua cultura organizacional de modo a moldar os seus funcionários.

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  5. O texto reflete bem o que as organizações fazem em nosso cotidiano tentam moldar os seus funcionários para poderem ter um maior controle sobre eles e que eles sigam a cultura da organização, mais acabam esquecendo que a cultura que os funcionários trazem são bastante importante para organização, isso pode ser um levar a organização em destaque.

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  6. O capítulo sobre prisões psíquicas é muito interessante pois aborda conceitos totalmente novos para a turma (como a sexualidade reprimida de Freud). Quando paramos para refletir sobre o porque tomamos as decisões percebemos que fazemos muita coisa inconscientemente e é bastante proveitoso entender mais sobre todo esse processo. Parabéns ao grupo!

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  7. O grupo soube muito bem relacionar o capítulo sobre prisões psíquicas com a realidade organizacional. Nós nem sabemos o porque de muitas atividades que praticamos no dia a dia, simplesmente é algo que já se tornou normal ou institucionalizado, e é ai que vem a importância do questionamento e de criarmos o abito de pensarmos a respeito das coisas que fazemos não só fora das organizações, mas dentro também.
    Ótimo texto, parabéns!!

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